A literatura africana existe em línguas diversas, nas nações com as quais se uniu durante o período de colonização. O país era, antes de sua suposta descoberta pelos europeus, em sua maioria, povoado por tribos nômades, totalmente independentes umas das outras, e por tal motivo, não tinham conhecimento dos dialetos uns dos outros, e assim, cada uma tinha sua própria forma de ver o mundo e falar sobre ele.
Os dialetos africanos da antiguidade em sua maioria não tinham forma escrita que não fosse simbológica. Os povos da região foram acrescentando ou mesmo substituindo seus idiomas pelos dos colonizadores e assim surgiram as formas escritas. Por isso, só temos registros de obras literárias africanas após a ida dos europeus ao continente.

As primeiras obras literárias surgidas no contente de que se tem notícia são frutos dos portugueses, os primeiros a iniciar uma rota de exploração do mundo pelo mar, alcançando a África. Em sua maioria são crônicas, poemas e escritos de registros das primeiras impressões ao chegar ao continente povoado por pessoas de cores e trejeitos diferentes dos europeus. As obras datam do começo do século XV e são apelidadas de ‘literatura do descobrimento’, justificando assim a boa quantidade de países que falam a língua portuguesa na África.

O continente africano é um verdadeiro leque de inspiração para a literatura, sendo ele atraente por todos os seus encantos, pelos segredos e mistérios que esconde e até mesmo pela tão agravada inserção no imaginário do quem está distante dessa realidade como, por exemplo, os que vivem no Ocidente. Sendo assim, é certo afirmar que os escritores de literatura africana são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento de um universo único, rico em belezas naturais.
É certo afirmar também que o continente africano já sofreu por uma série de aspectos, o que fez com que se tornasse uma terra, em partes, sofrida – principalmente pelas maldades provocadas durante os processos de colonização, conflitos ainda existentes entre suas principais tribos e pelas várias destruições que são causadas especialmente durante as guerras civis.
É também correto afirmar que a literatura africana moderna não ganhou, principalmente nos próprios países da língua portuguesa como o Brasil, a sua merecida atenção. Há a necessidade de notarmos toda a importância cultural disposta pelos escritores africanos que tanto se dedicam na tentativa de manter o seu povo notado. A literatura africana tem se manifestado em uma grande gama de idiomas, o que faz com que suas obras possam ser lidas em todo o mundo. As linguagens que mais ganham destaque, no caso, são o português, o inglês e o francês. Algumas obras também ganham versões originais em espanhol, considerando que certas partes do continente foram dominadas pelos espanhóis.
Os principais escritores de literatura africana

- Escritor Wole Soyinka, da Nigéria. O escritor é quase desconhecido no Brasil, porém, em 1986, foi um dos vencedores do Nobel de Literatura, sendo considerado como o dramaturgo de maior importância de todo o continente. Algumas de suas obras são: O Leão e a Joia, A Dance in the forests, The Swamp Dwellers, The Man Died, King Baabu.
- Naguib Mahfuz, escritor egípcio. Suas principais obras foram: Trilogia do Cairo, Os filhos do Nosso Bairro, Miramar, A Taberna do Gato Preto e o seu maior clássico: Noites das Mil e Uma Noites.
- Nadine Gordimer também foi um dos mais fortes nomes de toda a África do Sul, sendo as suas obras de maior sucesso: A Arma da Casa, July’s People, A World of Strangers, The Lying Days, Face to Face, Occasion for loving e outras

- Mia Couto – Moçambique. Suas principais obras são: Antes de Nascer o mundo, Estórias Abensonhadas, Terra Sonâmbula, Vozes Anoitecidas, O Fio das Missangas, Um Rio chamado Tempo, A confissão da Leoa.
- José Eduardo Agualusa é um escritor angolano. Suas principais obras foram: A Feira dos Assombrados, A Conjura, O Vendedor de Passados, Nação Crioula, As Mulheres do Meu Pai, Um estranho em Goa e Estação das Chuvas.
No continente europeu estão, também, os mais pobres países de todo o mundo, já que, desde sempre – e principalmente após a fase de colonização europeia – ele é visto com uma espécie de desdém pelos ocidentais. Essas visões são totalmente estereotipadas, envolvendo sentimentos como a falta de compaixão e a indiferença, itens explorados com frequência pelos escritores de literatura africana.
Em uma viagem pelo arquipélago de Cabo Verde, o programa Nova Africa conta a história de um dos maiores representantes da literatura do país: Gabriel Mariano. Por meio de entrevistas com pessoas como o escritor Danny Spinola, o programa mostra como esse juiz de direito, poeta e contista virou referência em sua geração. Com forte influência de escritores brasileiros, Gabriel Mariano utilizou de seus poemas e contos para reivindicar a saída dos colonizadores portugueses de seu país.
De Cabo Verde o programa segue para a África do Sul para conversar com uma das mais renomadas escritoras africanas da atualidade: Nadine Gordimer. Apesar dos 90 anos, ela desenvolve ideias e obras com a mesma vitalidade que sempre teve para lutar por um país mais justo. Na entrevista, a vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 1991, fala sobre a sua luta contra o apartheid, a repressão e o seu descontentamento com as desigualdades observadas por ela.
Já em Moçambique o programa revela, por meio de escritores e estudiosos, a trajetória e um pouco da obra de José Craveirinha. Considerado o Camões do país, Craveirinha resgatou a tradição africana de contar histórias e por meio de suas palavras transformou livros em verdadeiras bandeiras contra o colonialismo português.
O Nova África entrevista também a jornalista e especialista em literatura africana, Maura Eustáquia de Oliveira. Ela fala sobre as obras de escritores como o moçambicano Mia Couto e o angolano José Luandino Vieira.
A influência da literatura africana
O que mais influencia os seus escritores certamente é a própria terra, os conflitos já vividos no continente, a beleza do espaço e as mazelas enfrentadas tanto no setor social como também político. Sendo assim, um dos fatores que mais interessa na literatura africana é o fato de que o que realmente faz com que ela aconteça é a influência da origem de seus escritores. Além disso, outro assunto que é fortemente explorado pelos escritores de literatura africana são os contrastes vividos na região.
Para começar, a África do Sul, um país dotado de grandes belezas, que conseguiu se recompor após a forte exploração da colonização europeia e gerou, até mesmo, uma guerra entre os povos holandeses e ingleses.
A Somália, por outro lado, tem um ambiente que muito se assimila com uma Serra Leoa, possuindo maior número de animais do que humanos. Na África há também o Egito, uma das civilizações mais antigas do mundo que preserva em suas terras fatos ocorridos a mais de 5.000 anos antes de Cristo. Além disso, é também palco para uma série de literaturas religiosas, já que o Egito é uma nação de extrema importância para as três maiores religiões do mundo – o judaísmo, islamismo e cristianismo.
O programa Entrelinhas, da TV Cultura entrevistou Abdourahman Waberi, saudado pelo francês Le Clézio (no discurso de recepção do prêmio Nobel de Literatura, em 2008) como um dos grandes escritores contemporâneos da África. Nascido no Djibuti em 1965, Waberi ainda é pouco conhecido no Brasil, mas esteve este ano em São Paulo para participar de um encontro na Casa das Áfricas, onde conversou com o poeta e arte-educador Allan da Rosa, colaborador do Entrelinhas, onde ele fala sobre Literatura Africana de modo geral na visão dele.
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